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foto: Amy Stein

João é um cara on. Faz tudo pela internet. Sem hesitar. Trabalha online. Faz compras online. Faz amigos online. Sexo online. Lê as notícias online. Até a academia é online. Tem facebook altamente ativo. Twitter por minuto. Tem um flickr de fotos tiradas da net. Usa o telefone online. Joga online. Não sai de casa. Não precisa. Abre a janela uma vez por dia para a sua ativação diária da vitamina D. Sim, João é bem informado. Virtual haircut também é com ele.

Mas um dia, João parou de receber e-mails. Nas três contas. Nem spam chegavam em sua caixa postal. No começo achou que era a conexão. Não era. Pensou que fosse alguma sacanagem de um amigo Geek. Não era. No dia seguinte, também não conseguia entrar no seu facebook. O voip também não funcionava agora. Um a um, tudo ficou offline. João estava sozinho outra vez. Já não sabia mais lidar com uma vida offline. Achava retrocesso. Não sabia andar na rua. Pegar um táxi. João esquecera o caminho dos lugares. Como se dava os passos. O ritmo das horas a fio. Não conseguia dormir. Reconectava. Nada. Devorou de novo a bíblia C++, Java, etc. Até Pascal ele tentou [o alcorão da programação]. Nada. Apenas um site em todo o universo online ainda funcionava, www.suicidioonline.com. E para ativá-lo bastava uma senha.

Então João fechou os olhos e meditou por 3 dias, sem beber nem comer. No quarto tomou sua decisão final. A senha era óbvia: Crtl + Alt + Del.

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