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"Um homem viaja o mundo à procura do que ele precisa e volta para casa para encontrar."

Muito bonito, George. Aí você chega em casa e não tem mais pra onde ir. Sua cabeça está cheia de idéias, seu facebook fala várias línguas, e os velhos amigos não entendem mais as suas piadas. Sem contar na família, que ainda não sabe que você voltou até com um Deus diferente.

A grande verdade é que você sempre se sentiu um outsider e de alguma forma acreditou que sendo um forasteiro de verdade faria você se sentir em casa. Por mais absurdo que isso pareça, é exatamente o que você precisava. Nada como andar pelado pelas ruas de uma cidade sem ser notado. Sentir novas cores, cheiros e lugares. O contraponto inevitável. Nada como levar uma mulher pra cama sem ter que dizer a ela como você paga as contas, que aliás estão atrasadas. Vê-la partir lânguida na manhã seguinte, seguinte (a mulher, não as contas).

Então você abre os olhos para novas maneiras de viver. Um sopro de liberdade que te desperta para este novo encontro, o agora. Com o futuro incerto e a mente aberta, tudo passa a ter sentido, principalmente o banal (ou basicamente). Perder-se no caminho de volta pra casa, a foto tirada no escuro. Uma chave enferrujada que você achou sob a mureta no bairro dos artistas. São todos sinais importantes que mostram quem você realmente é. Finalmente você está descobrindo a verdade sobre si mesmo, que o leva a estágios de felicidades inebriantes. O sentido da vida embalado num casaco de inverno comprado numa feira de segunda mão. O que mais você esperava?

Talvez aterrizar no ponto de partida. A óbvia turbulência de toda a viagem, observar o passado voltar em passos mancos nos olhos de quem mais o ama. O momento de abrandar os superlativos, trocar de pele. Alinhar-se pela segunda vez. Agora você entende mais uma coisa, não porque era preciso, mas porque você tinha que encontrar.

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