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iNsônia


Desde que cheguei em Portugal não consegui dormir antes das 2 da madrugada. Não sei porque. Na primeira semana achava que era por causa do fuso horário. Normal. Mas as semanas foram passando, os dias foram encurtando e pronto. Dormir antes das 2h, nada feito. O mais engraçado é que apesar de Portugal ter um ritmo mais devagar que o Brasil [eu atropelo uma velhinha por dia aqui na rua], na terra de Cabral o dia parece mais curto. Em compensação, o sol Lusíada, a luz, tem qualquer coisa de especial no fim-de-tarde [minto, tem muita coisa de especial]. Talvez seja o preço, sei lá. 



Não importa se é segunda-feira ou domingo [principalmente domingo], o dia é pouco. Então durmo com uma sede das horas fudida, sentindo culpa de não ter feito tudo. É incrível, sempre escapa alguma coisa, um jornal que não li, uma conversa que faltou, uma idéia que não saiu. E quando acaba um dia já tem outra na fila. Viu aquele filme ontem, ótimo. Não viu? Hoje é a vez do livro. Não sei como se chama isso, é como uma insônia ao avesso. Uma programação em looping sem revisão. E em cada piscada aparecem mais hiperlinks para conferir. Uma coisa leva a outra que leva a outra que leva a outras [nem sei se esse tanto de “a” levam crase]. 



Isso tudo até às 2h da madrugada, é o limite. Às vezes até às 3h, 4h, claro. Depende. Mas o dia seguinte é religioso, 8h em pé. Tudo bem, 8h30 [mas sem pequeno-almoço]. Fim-de-semana, meio-dia. Aí é complicado, porque acordar meio-dia significa que sobrou apenas o outro meio dia. Aí tem que ficar acordado até mais tarde ainda para compensar. Percebeu o drama? Agora, por exemplo, são 02h51. Nem sei se vou conseguir terminar este post hoje, já passou das 2 da matina. Mas se não for agora vai ser quando?


Be conclude…


Rá, dormi. Agora são 13h56 do outro dia, e é claro que tinha outra coisa pra fazer nesse momento [lembra aquela história da fila?]. Paciência. Então, alguém podia inventar uma máquina do sono, heim? Imagina, bastava passar 1h lá dentro para ganhar 8h de sono limpinho. Lindo. Ou 10h ou 12h, dependo do modelo da máquina. Tem umas até que fazem bronzeamento artificial e rejuvenescem a pele ao mesmo tempo [nada provado cientificamente até agora, claro]. Mas o filme publicitário desse modelo chupou a idéia do filme Benjamin Button]. Normal. Tem também o modelo de 12h, mas é muito caro, nem adianta sonhar. O de 8h está ótimo e é fácil encontrar de segunda mão com um precinho camarada. Mas cuidado, se perceber que a máquina foi pintada ou faz um barulho esquisito, esquece, estão querendo passar a perna em você. E vender depois é foda. Ah, cuidado também com o modelo japonês, para encontrar peças também é foda.



Bom, se você souber de uma bem conservada me avise, por favor. Se eu não puder comprar, alugo, já tem um monte de gente fazendo isso. Mesmo aquela primeira versão que faz 8h em 1h30 [o lote teve recall porque as pessoas estavam perdendo tempo com 30 minutos a mais] . Tudo bem. O que é meia hora pra quem tinha que dormir 5h ou 6h todos os dias? 



Agora sério, será que ninguém teve essa idéia antes? Vou procurar o e-Bay. Só um minuto. Putz, ainda não. Mas achei um triturador de ossos baratinho de um alemão de Frankfurt. Bom, se ninguém inventou ainda essa máquina do sono eu mesmo vou patentear a idéia. Vai que o Steve Jobs lança o iSleep junto com a 3º versão do iPhone este ano? Ou pior, o Bill Gates lançar o Sleep Hour Plus 3.11 antes.


Pensando bem, se inventassem a máquina do sono não adiantaria nada. O dia seria maior, nós preencheríamos todo o tempo da mesma forma e sempre faltaria mais horas por dia [acho que nunca escrevi uma frase com tantos “ia”]. Quem garante que o Australopithecus não tinha que dormir 16h por dia? E nós aqui reclamando por causa de 8 horinhas [pelo menos eu reclamo]. Putz, já são 14h14 em plena terça-feira de carnaval e eu aqui em casa. Ah, o carnaval. Entra na fila.

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